“Temos de prolongar a possibilidade de as pessoas não serem obrigadas a reformar-se”, defendeu Manuel Sobrinho Simões, Presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto. No segundo painel de debate do Fórum “Transição para a Reforma – Desafios às Organizações e às Pessoas”, organizado pela Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, e com a literacia financeira e digital no foco, o médico cruzou ainda a importância da vida ativa e da formação com a promoção da saúde: “o problema da formação é crucial também, porque se a pessoa se mantiver ativa e, no fundo, interessada, fica menos doente”.
A necessidade de valorização do trabalho das pessoas mais velhas foi uma das principais conclusões deste painel de debate, a que se juntaram representantes do tecido empresarial. “As empresas precisam de perceber que um funcionário mais sénior tem o seu lugar e é extremamente importante”, defendeu António Brochado Correia, Territory Senior Partner da PwC, que sublinhou a importância da estabilidade, experiência e coesão que os mais velhos conseguem adicionar às equipas.
Na mesma tónica, e na linha da importância da literacia financeira e digital, seguiu a intervenção do Presidente dos Conselhos de Administração da Efanor e da Sonae. Apesar de explicar que a evolução é ainda difícil, por existirem poucos exemplos no mercado, Paulo Azevedo traçou objetivos bem claros: “Queremos reter talento sénior por mais anos, queremos que os nossos colaboradores mantenham uma produtividade, vitalidade e capacidade de se transformar ao longo das suas carreiras”.
O Fórum “Transição para a Reforma” contou também com um painel dedicado à análise crítica do envelhecimento em Portugal, com Júlio Machado Vaz, Psiquiatra, Professor Universitário e moderador de ambos os debates, a conduzir os oradores pela procura de soluções para a longevidade.
Literacia financeira e digital: 48% dos portugueses não poupam…
“Há países que começam a olhar para esta questão da longevidade como um dos pilares de desenvolvimento económico, social e promotor de uma sustentabilidade nacional. É claramente um negócio sério”, recordou Ana Sepúlveda. APresidente da Associação Age Friendly Portugal apontou ainda caminhos de futuro: “É necessário, por um lado, uma literacia para a longevidade, que é as pessoas perceberem que vão viver mais. Depois, tudo aquilo que são políticas de gestão de pessoas, políticas de carreira e a forma de estruturar as empresas são críticas”.
A promoção da literacia financeira e digital, desde a infância e ao longo da vida, foi uma das prioridades mais defendidas por todos os oradores presentes na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.
O Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores identificou mesmo a falta de literacia financeira como a causa para alguns dos resultados do inquérito “Insurance Europe”: 48% dos portugueses não poupam e, destes, 30% “dizem que não querem poupar, porque não veem qual é o benefício”.
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No campo das soluções, José Galamba explicou dois mecanismos europeus que estão a ser desenvolvidos com recurso à tecnologia – o Produto Europeu de Poupança, que incentiva à preparação da reforma, e ainda simuladores que permitem que cada pessoa perceba, de forma imediata, os reais impactos do que consegue poupar.
Pessoas só se apercebem da importância do tema demasiado tarde
Também na área da poupança e das aplicações para a reforma, o Diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto relembrou a sua importância para reduzir o impacto significativo que a aposentação traz aos rendimentos: “O impacto será tanto maior ou tanto menor dependendo das decisões financeiras que cada um de nós faz a tempo”. “As decisões têm de ser tomadas em períodos muito longos, porque, normalmente, quando as pessoas se apercebem da importância do tema já é relativamente tarde”, alertou José Manuel Varejão.
O Fórum “Transição para a Reforma” contou também com a intervenção do Vice-Presidente da CCDR-Norte, Beraldino Pinto, que recordou a relevância dos temas em debate: “A sensibilização dos decisores políticos para a adoção de uma agenda reformista, para a demografia e o envelhecimento, e a capacitação das nossas populações, instituições e empresas para este fenómeno são inadiáveis”. “Temos necessidade absoluta de programas estruturados e que sejam eficazes, que criem igualdade de oportunidades e diminuição de assimetrias de informação. Isto faz com que haja uma promoção do envelhecimento ativo e bem-sucedido, com atividade intelectual estimulante e outras dinâmicas sociais”, afirmou, no mesmo sentido, a Presidente da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, Maria Amélia Cupertino de Miranda, nas boas-vindas ao Fórum.
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O evento, criado no âmbito do programa de literacia financeira e digital “Eu e a Minha Reforma”, pode ser agora revisto no Youtube da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda. O projeto “Eu e a Minha Reforma” é apoiado pela Portugal Inovação Social, através do Fundo Social Europeu.
Sobre a Fundação Dr. António Cupertino de Miranda:
A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que tem por missão a realização de atividades educativas e culturais que promovam a sociedade do conhecimento e contribuam para a inclusão social, proporcionando simultaneamente oportunidades de ocupação de tempos livres.
Destaca-se pelo desenvolvimento de dois projetos dedicados à promoção da literacia financeira: “Eu e a Minha Reforma”, focado na população com mais de 55 anos, e “No Poupar Está o Ganho”, desenvolvido para crianças e jovens do Pré-escolar ao Ensino Secundário.
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