O primeiro capítulo do ciclo de cinema em Serralves, Arthur Jafa: The Dark Matter of Black Cinema subordinado ao título Made in America / Making America, decorrerá de 01 a 22 de março. Seguem-se mais dois capítulos – A the Tune of Black Expressivity e Imagining the Black: Mechanics of Empathy, que terminarão em 17 de maio. Ainda em maio, nos dias 22, 23 e 24, a Casa do Cinema Manoel de Oliveira apresenta uma retrospetiva do próprio Arthur Jafa.

Arthur Jafa: The Dark Matter of Black Cinema, materializa o conceito “Black Visual Intonation”

Este ciclo de cinema , integrado na exposição Uma Série de Prestações Absolutamente Improváveis, Porém Extraordinárias (com Ming Smith, Frida Orupabo e Missylanyus), concebido em estreita colaboração com Arthur Jafa, centra-se no conceito de “Black Visual Intonation”, que descreve a vibração específica da negritude no cinema dos EUA. A matriz estética deste cinema resulta da transposição do ritmo, da frequência e da instabilidade sonora da música negra para o campo das imagens em movimento. Propondo um percurso através do Black Cinema a partir da obra de Jafa, este ambicioso programa é constituído por 38 filmes, muitos deles nunca exibidos em Portugal.

Programa de cinema em Serralves: Made in America / Making America

1 Mar | Dom | 17H00 | Casa do Cinema

I Capítulo: Made in America / Making America – Sessão 1

Body and Soul

Oscar Micheaux – USA | 1925 | 79 min.

Encurtado pelo próprio Micheaux, por imposição dos licenciadores da época que acusaram o filme de “incitar o crime”, ser “imoral” e “sacrílego“, Body and Soul conta com a primeira participação em cinema do famoso ator negro Paul Robeson que interpreta dois personagens diametralmente opostos: o criminoso disfarçado de reverendo Isaiah T. Jenkins, e o seu irmão gémeo há muito desaparecido, Sylvester, um homem pobre, mas honesto. Entre paixões e crimes (próprios ou atribuídos a outros), entre pequenas falcatruas e condenações injustas, numa tensão entre as fraquezas da carne e as coisas da alma, Micheaux propõe, como nele é corrente, uma narrativa difusa e turbulenta que é, além disso, um dos primeiros exemplos da sua visão ideologicamente complexa sobre as questões raciais.

7 Mae | Sáb | 17H00 | Casa do Cinema em Serralves

I CAPÍTULO: I Capítulo: Made in America / Making America – Sessão 2

Four Women

Julie Dash – USA | 1975 | 8 min.

O corpo negro da bailarina Linda Martina Young metamorfoseia-se ao som da balada homónima de Nina Simone, em quatro diferentes mulheres. Julie Dash (que além de ter colaborado com Arthur Jafa, foi com ele casada) filma esta performance vibrante com uma câmara em permanente movimento e através de uma direção de arte rica e meticulosa.

Scorpio Rising

Kenneth Anger – USA | 1963 | 28 min.

Em Scorpio Rising, Kenneth Anger (nome fundamental do cinema underground americano) exibe com clareza a força cultural do rock e a materialização das suas energias demoníacas, através de uma colagem de música, cinema comercial, sexo e kitsch (mas também cultura motard, catolicismo, nazismo e homoerotismo). Arthur Jafa explica que “Além de 2001: Uma Odisseia no Espaço, Scorpio Rising é o filme que, provavelmente, teve o maior impacto sobre mim.”

Handworth Songs

John Akomfrah – UK | 1986 | 61 min.

Handsworth Songs é um filme-ensaio sobre racismo e desordem civil na Grã-Bretanha dos anos 1980, em particular sobre os protestos que decorreram em setembro e outubro de 1985 no distrito de Handsworth, em Birmingham, e nos centros urbanos de Londres. O filme desenvolve a tese de que os distúrbios foram o resultado de uma prolongada repressão da comunidade negra pela sociedade britânica, através do recurso inventivo a imagens de arquivo, imagens fotográficas e atualidades.

8 Mar | Dom | 17H00 | Casa do Cinema

I I CAPÍTULO: I Capítulo: Made in America / Making America – Sessão 3

Daughters of the Dust

Julie Dash – USA | 1991 | 113 min.

Julie Dash foi a primeira mulher negra a realizar uma longa-metragem com distribuição comercial alargada nos Estado Unidos, e Daughters of the Dust é esse filme. Situado em 1902, o filme narra a história de três gerações de mulheres da família Peazant – descendentes de escravos que vivem nas ilhas junto à costa da Carolina do Sul –, no momento em que algumas dessas mulheres se preparam para abandonar as suas origens e migrar para o Norte. As imagens icónicas de Daughters of the Dust devem-se a Arthur Jafa, naquele que foi o seu primeiro trabalho como diretor de fotografia (Jafa seria igualmente um dos produtores do filme), tendo, essas duas participações, obtido os prémios respetivos no festival de Sundance, em 1991. O filme foi restaurado em 2016 e será exibido numa deslumbrante nova cópia digital, em formato 2K.

15 Mar | Dom | 17H00 | Casa do Cinema em Serralves

I Capítulo: Made in America / Making America – Sessão 4

Bush Mama

Haile Gerima – USA | 1975 | 97 min.

T.C. combateu na Guerra do Vietname. Quando regressa aos Estados Unidos, invertendo o que eram as suas expectativas, não é recebido como um “herói de guerra”, sendo, pelo contrário, preso e acusado de um crime que não cometeu. Dorothy, a sua companheira, descobre-se sozinha e grávida numa sociedade violenta e indiferente à sua situação. Ela sente-se progressivamente mais oprimida enquanto mulher, negra e mãe solteira, o que além de promover a sua crescente consciencialização política, se torna também no gatilho para a sua radicalização. Como recorda Arthur Jafa, em entrevista, quando estudava arquitetura na Universidade de Howard tropeçou “no epicentro daquilo que se veio a chamar a L.A. Rebellion, um grupo de cineastas que trabalhava a partir dessa universidade desde os anos 1970.” Charles Burnett, Haile Gerima, Larry Clark, Ben Caldwell, Julie Dash eram alguns dos realizadores que integravam as fileiras desse “grupo explosivo, que procurava novas modalidades idiomáticas para um cinema negro.”

21 Mar | Sáb | 17H00 | Casa do Cinema

I Capítulo: Made in America / Making America – Sessão 5

Diary of an African Nun

Julie Dash – USA | 1977 | 13 min.

Uma freira, no Uganda, vive uma crise de fé ao sentir o vazio da sua missão cristã. Isso leva-a a pôr em causa os seus votos de pobreza, castidade e abnegação. Noite após noite, enquanto ouve do seu quarto os tambores ao longe, os medos e as dúvidas crescem dentro dela. Adaptado de um conto de Alice Walker, o filme foi o primeiro passo deliberado de Julie Dash em direção a um cinema narrativo.

Sweet Sweetback’s Baadasssss SongWEET

Melvin van Peebles – USA | 1971 | 97 min.

Um órfão, de nome Sweetback, passa os dias da sua juventude num bordel em Los Angeles. Atingida a maioridade, ele próprio vem a trabalhar como prostituto até que um dia é injustamente acusado de homicídio. Quando a polícia o tenta prender, ele não só consegue escapar, como também salva Mu-mu, um membro dos Black Panthers. Juntos, viajam de Los Angeles em direção à fronteira mexicana, com a polícia no seu encalço. A montagem acelerada (pioneira no cinema da época), a representação de personagens afro-americanas fortes e orgulhosas, a violência e o conteúdo sexual, fizeram de Sweet Sweetback’s Baadasssss Song um extraordinário sucesso de bilheteira, a tal ponto que inaugurou o subgénero da Blaxploitation. Além do seu sucesso comercial, o filme foi igualmente tido como um sucesso político, vindo a tornar-se visionamento obrigatório para os membros do Black Panther Party. A exibir em nova cópia digital, em formato 2K.

22 Mar | Dom | 17H00 | Casa do Cinema em Serralves


I Capítulo: Made in America / Making America – Sessão 6

It Seems To Hang On

Kevin Jerome Eversonv – USA | 2015 | 19 min.

O filme é inspirado na história verídica dos serial killers Alton Coleman e Debra Brown, um jovem casal negro que deixou um rasto de violência por onde passou (concretamente, o Midwest) no mítico verão de 1984. Os diálogos são baseados nas letras da dupla de soul americana Ashford e Simpson, que em 1979 compôs o sucesso “It Seems to Hang On”. Kevin Jerome Everson fez um filme sobre um casal criminoso, desesperado, violento, mas apaixonado. It Seems to Hang On estreou na competição do Festival de Veneza, em 2015. Esta será a sua estreia portuguesa.

Killer Of Sheep

Charles Burnett – USA | 1978 | 83 min.

Realizado como filme de final de curso na UCLA, a primeira longa-metragem de Burnett foi rodada perto da sua casa de família no bairro de Watts, gueto negro de Los Angeles, em vários fins-de-semana, com um elenco maioritariamente amador e um pequeno orçamento. O quotidiano de uma família cujo pai trabalha num matadouro e sofre de depressão é decomposto numa série de episódios desconexos e o preto e branco granuloso juntamente com a câmara à mão remetem para um Neorealismo Italiano quase não-narrativo. Segundo Jafa, os motivos que fazem de Killer of Sheep um filme relevante é o facto de ser “um filme emocional”,  “um filme sublime”, “um dos poucos filmes que retrata a complexidade negra ao mesmo tempo que mostra como as pessoas negras podem ser encurraladas pelo sistema”. Agora será possível (re)vê-lo em nova cópia digital, em formato 2K.

Para mais informações

Fernando  Rodrigues Pereira – Assessoria de Imprensa
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FONTESerralves
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