Esta atitude da TAP é inadmissível, uma humilhação para a Região Norte, diria mesmo para o País”, foi assim que Luís Pedro Martins, presidente da Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) reagiu ao anúncio por parte da TAP de que nos planos de retoma da atividade da empresa, apenas três voos regulares sairiam do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Em conferência de imprensa, ladeado pelos presidentes da Câmara Municipal do Porto, de Vila Real, Viana do Castelo e Maia, o responsável pelo turismo do Norte de Portugal desmontou os argumentos utilizados pela companhia aérea, segundo os quais a estratégia seguida prendeu-se com as necessidades de mercado. “Há companhias estrangeiras que nunca deixaram de voar para o Porto, com oito voos semanais, como a Swiss, e a lotação é bastante elevada”, revela Luís Pedro Martins. “Bastava algum equilíbrio, veja-se o que acontece com a Air France, que voará sete vezes por semana para o Porto, enquanto a TAP terá 14 voos a partir de Lisboa e nenhum de e para o Aeroporto Francisco Sá carneiro”, acrescentou.

O plano de retoma da atividade da Tap pode indiciar uma estratégia penalizadora para a região

Este esvaziamento da importância da infraestrutura aeroportuária do Norte “que tem uma importância estratégia também para o Centro do País e para a Galiza”, deixa Luís Pedro Martins a questionar quais os reais interesses da TAP com este plano, lembrando que a companhia tem tripulações na Base do Porto, tem staff operacional disponível, aviões estacionados no aeroporto e o handling a funcionar. “A ideia é encerrar a médio prazo a Base do Porto? Parece que não aprenderam nada com o passado, quando eliminaram rotas como Roma, Bruxelas ou Barcelona, que foram capturadas por outras companhias e com grandes proveitos para todos”, lembra.

Os prejuízos causados com esta decisão da administração da TAP afetam de forma clara aquilo que se espera ser a retoma da atividade turística. A correção de algumas assimetrias na operacionalidade dos aeroportos fez disparar os índices de procura turística da região, que cresceu sempre acima da média nacional. Com esta decisão, para lá dos efeitos nefastos no turismo, adivinham-se também dificuldades para toda a economia, num território fortemente industrializado, exportador e com uma importância fulcral no PIB do País. “A TAP só tem sentido enquanto companhia bandeira, enquanto empresa ao serviço do País, já que é com dinheiro de todo o País que vai sobrevivendo”, sublinha o presidente da TPNP.

No mês de junho, a TAP terá apenas três voos semanais Porto/Lisboa, dos 27 voos anunciados. Ou seja, durante o mês de junho, não existirá nenhum voo internacional de e para o aeroporto Francisco Sá Carneiro. Já em julho, dos 247 voos, a TAP tem previstos apenas cinco voos internacionais e 23 voos nacionais, o que representa apenas 11 por cento da operação “Se retirarmos os voos nacionais, tudo é ainda mais escandaloso, porque os voos internacionais representam apenas 2,2 por cento da operação total”, enfatiza Luís Pedro Martins. Numa altura em que se anuncia uma intervenção do estado na TAP, em que se gerou uma enorme discussão em torno desta intervenção, Luis Pedro Martins considera “ridícula, autista e inadmissível esta atitude da Comissão Executiva da companhia

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Helder Robalo

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