Poderiam não passar de ideias, mas o espírito empreendedor daqueles que as conceberam e o apoio das instituições de ensino superior que as viram nascer, transformaram-nas em projetos inovadores com viabilidade de negócio. Uma tenda biónica capaz de resolver problemas como a falta deste tipo de suporte para deslocados, nomeadamente refugiados, e a escassez de água que lhes devia ser destinada; um projeto que resolve o desperdício alimentar e cria novos produtos naturais que poderão ser reintroduzidos no mercado agroalimentar; um composto químico que poderá vir a gerar um medicamento para travar a evolução de doenças artríticas, designadamente, a osteoartrose; e, finalmente, uma plataforma online de partilha de experiências, que valoriza a conciliação entre o estudo ou trabalho e o lazer. São estes os quatro vencedores do Born from Knowledge 2019, a iniciativa da Agência Nacional de Inovação (ANI) que distingue as melhores ideias de negócio provenientes de instituições de ensino superior portuguesas e, cuja final, ontem, no Instituto Politécnico da Maia, distinguiu os seguintes projetos:
· Na categoria “Materiais e Tecnologias Avançadas de Produção”, Nautilus, Universidade de Évora;
· Na categoria “Recursos Naturais, Ambiente e Alterações Climáticas”, AgroGrin TECH, Universidade Católica Portuguesa;
· Na categoria “Saúde e Bem-Estar”, ProtexAging, Universidade de Coimbra;
· Na categoria “Turismo, Indústrias Culturais e Criativas”, BackBone, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.
Uma das melhores ideias de negócio foi uma tenda biónica para refugiados
Guerras e outros conflitos, fome e más condições de vida e, cada vez mais, as alterações climáticas geram todos os anos milhões de deslocados. Segundo o Alto Comissariado para os Refugiados, o número de refugiados bateu, no ano passado, o maior recorde dos últimos 20 anos. São mais de 70 milhões de pessoas – e falamos apenas dos que estão registados. Começa a haver falta de abrigos e teme-se que os 20 litros de água limpa e segura que, pelas normas internacionais, devem ser assegurados aos refugiados, deixem de estar garantidos.
Face a este cenário, Inês Secca Ruivo e Cátia Bailão Silva conceberam uma tenda biónica, que promete ajudar as pessoas em risco humanitário, mas que também poderá ser comercializada para o público em geral.
A tenda Nautilus, além de ser um abrigo facilmente transportável, incorpora um tecido com propriedades hidrofílidas e hidrofóbicas, que permite a recolha, recuperação e conversão da humidade ambiental em água limpa e segura para ingestão, bem como seu armazenamento e transporte. Com um design atrativo, a tenda, para uma ou duas pessoas, é facilmente montada e desmontada, e, graças às suas alças ergonómicas, é perfeitamente transportável de forma confortável nas deslocações.
As mentoras do projeto (que teve início em 2015, com a tese de mestrado de Cátia Bailão Silva), uma das melhores ideias de negócio na categoria “Materiais e Tecnologias Avançadas de Produção”, perspetivam produzir e distribuir as tendas Nautilus em 2022.
PXA4 pode chegar a medicamento para a osteoartrose e outras doenças da idade
Estima-se que a Osteoartrose, a forma mais comum de artrite, afete atualmente 90 milhões de pessoas em todo o mundo e gere gastos de mais de 700 biliões de dólares por ano. Em 2050, deverá afetar 130 milhões. Muito associada ao avanço da idade, a doença afeta cada vez mais jovens, sobretudo praticantes de desporto.
Muito incapacitante, o seu desenvolvimento pode ser travado por um composto natural encontrado por uma equipa de alunos e docentes/investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. O PXA4 ativa o mecanismo celular que trava a evolução dos danos causados pela idade. Propriedades que os mentores já testaram in vitro com bons resultados.
Atualmente estão a ser desenvolvidos os estudos pré-clínicos de segurança e eficácia e em várias aplicações. Com a distinção do BfK 2019 na parede, como uma das melhores ideias de negócio da iniciativa da ANI, o próximo passo serão os testes em modelo animal.
Outra das melhores ideias de negócio quer acabar com desperdício da indústria alimentar
É cada vez mais insustentável: todos os anos, despejamos no lixo mais de mil milhões de toneladas em todo o mundo. Responsável por muito deste desperdício está a indústria alimentar. Além do produto que vai para os aterros, as empresas deste setor têm de gastar milhões no seu tratamento e depósito. Práticas que são insustentáveis para o ambiente e para o próprio orçamento da indústria.
O projeto AgroGrin TECH tem, como se percebe, um enorme potencial de negócio. Trata-se de uma técnica completamente verde e amiga do ambiente que transforma o desperdício em novos produtos a serem reintroduzidos na agroindústria.
A equipa de investigação da Universidade Católica Portuguesa do Porto (Escola Superior de Biotecnologia) está atualmente focada na indústria da fruta, mas futuramente, a tecnologia, já patenteada, pode ser aplicada a outras áreas do setor alimentar.
Existe já um trabalho desenvolvido na empresa Nuvifruits, que gera todos os anos 385 toneladas de desperdício. A transformação de casca de ananás em produtos como enzimas ou farinhas, que podem depois ser vendidos ao setor da produção da carne e a outros, permitiria à empresa, um retorno de 1 milhão de euros.
BackBone para fomentar o desenvolvimento de soft skills entre os jovens
Nasceu na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril e, depois de ser considerada como uma das melhores ideias de negócio do BfK 2019, quer chegar ao mundo.
O objetivo da plataforma online é capacitar jovens, dos 15 aos 30 anos, a desenvolver as suas competências sociais por intermédio de iniciativas coletivas de aprendizagem experiencial. Os serviços da BackBone (experiências criadas em conjunto, eventos, masterclasses, formação de equipas, mentoria, entre outros), direcionados a pessoas ou empresas, contribuirão para a criação de uma comunidade de jovens com ideias próprias e fortalecerão as competências pessoais mais valorizadas no atual mercado do trabalho.
Conciliar bem-estar e ocupação profissional é um dos objetivos da BackBone, que acredita existir atualmente uma sobrevalorização das hard skills, que nos conduzem a mundo cada vez mais competitivo e sem espaço (e tempo) para o desenvolvimento pessoal.
BfK Rise: Programa de Aceleração Tecnológica de três meses
Estes foram os quatro escolhidos de um total de 30 projetos a concurso, representando instituições de ensino superior (públicas e privadas) com que a ANI desenvolve parceria.
Os quatro vencedores, bem como aqueles que venceram a edição do ano passado, têm entrada direta para o programa de Aceleração em ciência e tecnologia “BfK Rise”, também da responsabilidade da ANI.
Além destes, outros projetos poderão candidatar-se até 15 de novembro. Estão previstas três edições – Norte, Centro e Alentejo – em que os participantes terão ao longo de três meses o acompanhamento próximo de uma rede de mentores, constituída por outros empreendedores, entidades parceiras da ANI, empresas, entre outros.
O objetivo é capacitá-los de forma a poderem acelerar o processo de transferência de conhecimento em produtos ou serviços para o mercado.
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