Cerca de 90 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo vivem com alguma forma de perda de visão, de acordo com a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB). Os professores e os pais de crianças com deficiências visuais têm dificuldade em encontrar ferramentas e brinquedos educativos que não tenham de adaptar. A engenheira portuguesa, Filipa de Sousa Rocha, inventou um sistema de codificação baseado em objetos físicos que responde a esta necessidade, facilitando ainda mais o acesso à aprendizagem digital inclusiva para crianças com deficiência visual.
Filipa é uma das três finalistas da segunda edição do Prémio Jovens Inventores que o Instituto Europeu de Patentes (IEP) criou para inspirar a próxima geração de inventores. A iniciativa reconhece jovens inovadores com idade igual ou inferior a 30 anos que tenham desenvolvido soluções tecnológicas para resolver problemas globais e ajudar a alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. O trabalho da inventora na melhoria do acesso à educação contribui para o ODS 4: Educação de qualidade e para o ODS 10: Redução das desigualdades.
Aprendizagem digital inclusiva: como um jogo de computador de arrastar e largar
A codificação baseada em blocos é uma linguagem de programação em que o programador constrói sequências de instruções arrastando e largando peças num monitor. As peças são decoradas com ícones de espuma 3D. Estes ícones representam movimentos direcionais ou funções de fala utilizadas para comandar o comportamento de um robô. Utilizando estas peças, as crianças com deficiência visual podem controlar o robô como se estivessem a jogar um jogo de computador de arrastar e largar. Filipa chama a esta invenção ‘Block-based Accessible Tangible Programming Systems’ ou BATS.
O protótipo desta ferramenta de aprendizagem digital inclusiva demorou menos de um ano a ser criado. Foi testado à distância com cinco famílias de crianças com deficiência visual entre os 6 e os 12 anos, durante a pandemia. Sem praticamente nenhum financiamento para o projeto, Filipa de Sousa Rocha baseou-se na construção de relações com escolas, associações e famílias para dar vida ao seu conceito. Estas famílias sugeriram que fossem acrescentadas mais peças para treinar outros conceitos, como a geografia ou a matemática.
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O trabalho da inventora portuguesa, no domínio da aprendizagem digital inclusiva, deu passos significativos no sentido de tornar o pensamento computacional acessível a todos, em especial às crianças com deficiência visual e cegas.
Utilizar o potencial da tecnologia para obter benefícios sociais
Filipa é uma engenheira informática e investigadora portuguesa de 27 anos, com uma licenciatura em engenharia informática e um mestrado em sistemas informáticos e de informação. Atualmente, está a fazer um doutoramento em informática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e trabalha como assistente de ensino no Instituto Superior Técnico.
A jovem inventora está a partilhar a sua paixão pela educação, ensinando literacia digital através da gamificação, trazendo um sorriso aos rostos dos jovens aprendizes à medida que estes adquirem competências como a programação de computadores.
“Penso que é muito importante criarmos tecnologias acessíveis e inclusivas para todos, independentemente das suas capacidades ou deficiências. Isso significa garantir que a tecnologia que desenvolvemos pode ser utilizada por pessoas com deficiência visual ou cegas, por exemplo, ou por pessoas com problemas de mobilidade ou destreza”, explicou.
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O vencedor do Prémio Jovens Inventores será anunciado na cerimónia híbrida do Prémio Inventor Europeu 2023, a 4 de julho de 2023, em Valência. Esta cerimónia será transmitida online aqui.
Para mais informações sobre o impacto da invenção, a tecnologia e a história da inventora portuguesa, clique aqui.
Sobre o Prémio Jovens Inventores:
O Instituto Europeu de Patentes criou o Prémio Jovens Inventores em 2021 para inspirar a próxima geração de inventores. Destinado a jovens inovadores com idade igual ou inferior a 30 anos de todo o mundo, reconhece iniciativas que utilizam a tecnologia para contribuir para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. O vencedor receberá 20 000 euros e o segundo e terceiro classificados receberão 10 000 e 5 000 euros, respectivamente. Um júri independente, composto por antigos finalistas do Prémio do Inventor Europeu (EIA), selecionará os finalistas e o vencedor. O IEP atribuirá o prémio na cerimónia do EIA 2023, a 4 de Julho. Ao contrário das categorias tradicionais, os finalistas do Prémio Jovens Inventores não precisam de uma patente europeia concedida para serem considerados para o prémio. Leia mais sobre a elegibilidade e os critérios de seleção para o Prémio Jovens Inventores.
Sobre o IEP:
Com uma equipa de 6300 pessoas, o Instituto Europeu de Patentes (IEP) é uma das maiores instituições de serviço público na Europa. Com sede em Munique e escritórios em Berlim, Bruxelas, Haia e Viena, o IEP foi fundado com o objetivo de fortalecer a cooperação entre países europeus no âmbito das patentes. Através do procedimento centralizado de concessão de patentes do Instituto Europeu de Patentes, os inventores acedem a uma proteção de patente de alta qualidade, válida em 44 países e abrangendo um mercado de 700 milhões de pessoas. O IEP é também o líder mundial nas áreas de informação e pesquisa sobre patentes.
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