Asteroide vesta
Rui Fausto e Bernardo Albuquerque, da equipa de investigadores da FCTUC

Uma equipa de investigação do Centro de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), coordenada pelo professor catedrático de Química Rui Fausto, integra um consórcio internacional que estudou a queda de um conjunto de meteoritos originários do asteroide Vesta, o segundo maior corpo na cintura de asteróides.

Os resultados da investigação efetuada pelo consórcio – que envolve 79 investigadores de 47 universidades e institutos de 12 países – acabam de ser publicados na prestigiada revista Meteoritics and Planetary Science.

Os meteoritos, encontrados na região de Sariçiçek, na Turquia, em 2015, foram estudados por várias técnicas num projeto coordenado pela NASA e pelo cientista turco Ozan Unsalam, que realizou parte dos seus estudos de pós-doutoramento no Departamento de Química da FCTUC. A equipa de Rui Fausto desenvolveu estudos analíticos da composição dos meteoritos usando espectroscopia de Raman.

De acordo com a informação agora revelada pela equipa internacional, a colisão no asteroide Vesta, que criou a cratera de impacto “Antónia” há 22 milhões de anos, produziu um conjunto de meteoritos que caíram perto da cidade de Sariçiçek, na Turquia, em 2015.

«Visitámos Sariçiçek logo após a queda destes meteoritos» afirma Ozan Unsalam, explicando que «os locais providenciaram os meteoritos para que o estudo fosse possível e ajudaram no mapeamento dos 343 locais da queda».

Concluiu-se que os meteoritos investigados fazem parte de um tipo denominado Howarditos, pertencendo a um clã chamado de meteoritos HED (howarditos, eucritos e diogenitos).

«Os estudos isotópicos mostraram que os meteoritos de Sariçiçek pertencem ao grupo mais comum de meteoritos HED», diz Qing-zhu Yin, cosmoquímico da Universidade da Califórnia. «Isto significa que os meteoritos de Sariçiçek têm de ter sido originados num impacto significativo», sublinha.

Vesta é o segundo maior na cintura de asteroides

Estes meteoritos atípicos refletem a luz como o asteroide Vesta, de 525 quilómetros, o segundo maior corpo na cintura de asteroides, e da sua família de asteroides de 0,8 a 8 quilómetros, chamada de asteroides tipo V ou Vestoides, que são fragmentos de uma enorme colisão que criou a bacia de impacto Rheasilvia, em Vesta.

«A comunidade científica suspeitava há bastante tempo que os meteoritos HED eram originários de Vesta ou dos seus Vestoides, mas não era possível apontar-se para um local de impacto específico» afirma Takahiro Hiroi, da Brown University, que mediu as propriedades de refletância dos meteoritos.

Um aspeto muito importante a salientar é o facto de esta ter sido a primeira ocasião em que meteoritos HED comuns foram fotografados a cair no Planeta Terra. «Usámos imagens de vídeos de câmaras de segurança de cidades próximas para determinar a trajetória e a órbita dos meteoritos», conta Peter Jenniskens, astrónomo de meteoritos do SETI Institute do Ames Research Center da NASA, que participou no estudo de campo. «A órbita forneceu a primeira correlação dinâmica entre o clã de meteoritos HED comuns e o cinturão interior onde o asteroide Vesta está localizado».

A nave espacial DAWN investigou de perto o asteroide Vesta

O asteroide Vesta foi visitado pela nave espacial DAWN, da NASA, em 2011 e 2012, e inúmeras crateras de impactos foram fotografadas nessa altura. Segundo Bernardo Albuquerque, investigador e estudante de doutoramento da FCTUC, «a composição química e mineralógica dos meteoritos é muito rica e foi possível efetuar a sua caracterização detalhada, graças aos esforços conjuntos de vários laboratórios localizados em diferentes países, cabendo-nos a nós a realização dos estudos por espectroscopia de Raman, que foram decisivos para a caracterização mineralógica dos materiais recolhidos».

O conhecimento da sua cratera em Vesta faz dos meteoritos de Sariçiçek, e dos outros meteoritos HED de 22 milhões de anos, amostras de estudo baratas do asteroide Vesta. «Podemos agora estudar as propriedades físico-químicas dos meteoritos de Sariçiçek para aprendermos mais sobre os perigosos Vestoides, que ocasionalmente caem na Terra», completa Rui Fausto, referindo que «isto pode ajudar-nos a perceber o que fazer quando descobrirmos que um Vestoide se aproxima do nosso Planeta».

Para mais informações:
Cristina Pinto
Assessora de Imprensa
Universidade de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
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FONTEUniversidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia
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